Fui a um asilo,
Acompanhando uma amiga.
Era para classe média
Mas o que vi me deixou em depressão
Muitos idosos sofrendo
Abandonados, segregados pela família
Alguns ansiosos para contar sobre suas vidas
Contar com orgulho de seus filhos doutores
Que eles não os visitavam por falta de tempo
Outros já cansados, nada falavam, só observavam
Havia lágrimas em seus olhos
Uma senhora se aproximou e me disse
Talvez neste domingo minha filha venha me ver
As enfermeiras vão de um lado a outro
Alheias ao sofrimento, acho que já acostumaram
Para elas, é só um trabalho. Até por que,
Como se envolver com tanto drama.
Penso nos filhos dessa gente asiladas
O que sentem como vivem
Será que seus pais eram um peso tão grande
Que precisam se livrar
Pagar o asilo alivia suas consciências?
De que valeu a essas pessoas segregadas em um asilo
terem lutado tanto
Anos de labuta, noites mal dormidas a cabeceira do filho
A renúncia de suas próprias vidas em benefício daqueles
Que tristeza para esses filhos, como vai ser suas velhices
Como se sentiram
Quando seus pais se forem
Como poderão recuperar o tempo perdido
A não convivência
Pobres criaturas... Que triste destino as esperam.